Proclamando o ano jubilar junho 2011- junho 2012


ANO JUBILAR EUCARÍSTICO

ANO JUBILAR EUCARÍSTICO
25 ANOS DA DIOCESE DE RIO BRANCO 


(29.06.1986).


Igreja que anuncia o Evangelho e proclama a graça do Senhor. 



INTRODUÇÃO: POR QUE UM ANO JUBILAR?
Celebramos neste ano jubilar 2011-2012, o vigésimo quinto aniversário da passagem desta Igreja de Prelazia do alto Acre e Purus a Diocese de Rio Branco.
Celebramos a grande riqueza histórica destes 25 anos. Nós temos, sobretudo, uma PRECIOSA E RICA HERANÇA que recebemos ao longo destes 90 anos de Caminhada de Prelazia e Diocese, pelo testemunho e trabalho incansável de padres, freiras, leigas e leigos que dedicaram a melhor parte de suas vidas na missão dos Vales do Acre e Purus.
Uma herança que se enriqueceu, sobretudo quando há 50 anos, a caminhada da nossa Igreja começou a ser orientada pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), passando pelo Documento de Santarém (1972), pelas Conferências de Medellín, Puebla, Santo Domingo, pelos vários Planos de Pastoral da nossa Diocese e pela experiência das CEBs que marcou e marca a história da nossa caminhada.
Neste novo Milênio, a nossa herança se enriqueceu ainda mais pela experiência das Santas Missões Populares, por três Documentos do Magistério da Igreja sobre a Eucaristia, nos apresentando Jesus Cristo vivo, que faz a Igreja existir, e alimenta o seu povo e na longa caminhada no deserto deste mundo. Recebemos, sobretudo, o mais extraordinário dom que é o Documento da V Conferência de Aparecida, uma verdadeira profecia para a Igreja marcar o passo entre os desafios do mundo pós- moderno.
Por fim a nossa herança se enriqueceu pelo Jubileu Mariano comemorando os 50 anos da construção da nossa Catedral, que por ser Cátedra do Bispo, e pelo seu significado simbólico, se torna para toda a Diocese sinal de comunhão e missão.
Esta rica herança, nós não podemos e não devemos perder. 



1.     IGREJA PARTICULAR (DIOCESE): UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA
Nossa Igreja é Católica porque nela Cristo está presente. “Onde está Cristo Jesus, está a Igreja Católica”, dizia Santo Inácio de Antioquia. Nela subsiste a plenitude do corpo de Cristo unido à sua Cabeça, o que implica que ela recebe dele “a plenitude dos meios de salvação”, que ele quis: confissão de fé correta e completa, vida sacramental integral e ministério ordenado na sucessão apostólica. Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes e o será sempre, até o dia da Parusia.
Ela é Católica porque é enviada em missão por Cristo à universalidade do gênero humano.
Esta Igreja de Cristo está verdadeiramente presente em todas as comunidades locais de fiéis que, unidas a seus pastores, são também elas, no Novo Testamento, chamadas igrejas. São, em cada território, o povo novo, chamado por Deus no Espírito Santo e em grande plenitude. Nelas se reúnem os fiéis por meio da pregação do Evangelho de Cristo e se celebra o mistério da Ceia do Senhor, para que, pela carne e o sangue do Senhor, se mantenha estreitamente unida toda a fraternidade do corpo.
Nessas comunidades, embora muitas vezes pequenas e pobres, ou vivendo na dispersão, está presente Cristo, por cuja virtude se constitui a Igreja una, santa católica e apostólica.
Essas comunidades de fiéis são chamadas de Igreja particular ou Diocese.
Igreja particular ou Diocese é, portanto, uma comunidade de fiéis cristãos em comunhão na fé e nos sacramentos com seu Bispo ordenado na sucessão apostólica. Essas Igrejas particulares “são formadas à imagem da Igreja universal; é nelas e a partir delas que existe a Igreja católica una e única”.
As Igrejas particulares são plenamente católicas pela comunhão com uma delas: a Igreja de Roma, “que preside à caridade”.  Santo Irineu dizia: “Pois com esta Igreja, em razão de sua origem mais excelente, deve necessariamente concordar cada Igreja, isto é, os fiéis de toda parte”.
O Romano Pontífice, como sucessor de Pedro, é o princípio e o fundamento perpétuo e visível da unidade, quer dos bispos, quer da multidão dos fiéis. Por sua vez, cada bispo é o princípio e o fundamento visível da unidade na sua Igreja particular, formada à imagem da Igreja universal.
Por isso, cada bispo representa a sua Igreja; e todos, juntamente com o Papa, representam toda a Igreja no vínculo da paz, do amor e da unidade. 


1.1.- UM POUCO DE HISTÓRIA
Enquanto o ciclo econômico da borracha estava em plena fase de decadência, o Papa Bento XV, considerando a Igreja Católica na América Latina muito vasta e com dificuldades na evangelização, observando cada país, percorreu os olhos no vasto território amazônico, convocando ordens e congregações para a missionariedade.
Foi então que no dia 04 de outubro de 1919 com a Bula “Ecclesiae universae regimen”, desmembrando da extensa Diocese de Manaus, erigia em “Prelatura Nullius” a nova Prelazia do Alto Acre e Alto Purus, compreendendo as Províncias do Alto Acre e Alto Purus e com os limites de Estado do Amazonas, Território Alto Tarauacá, República Boliviana e República Peruana.     Por um entendimento acordado entre a Sagrada Congregação Consistorial em maio e junho de 1919, a Prelazia do Alto Acre e Purus era entregue à Ordem dos Servos de Maria com a Bula “Commissum humilitati nostrae” de 15 de Dezembro de 1919.                        
         Era então Prior-Geral da Ordem dos Servos de Maria, Frei Aleixo M. Lepicier, mais tarde Cardeal, que foi muito solícito ao acolher a proposta do Papa Bento XV. Como patrono da Prelazia, foi proposto São Peregrino Laziosi, Santo da Ordem.
          E com essa Bula a nova Prelazia era confiada a um membro da Ordem. E, com disposição de 4 de outubro, ao futuro Prelado era conferido o título de Bispo titular de Palto. O candidato apresentado à Congregação pelo Revmo. Pe. Geral Lepicier para ocupar o alto cargo foi o Revmo. Pe. Próspero Gustavo M. Bernardi, da Província da Romanha, já secretário e conselheiro geral da Ordem. Na apresentação eram-lhe apontados os dotes de iniciativa, organização e experiência de governo no sagrado ministério.
A sede da Prelazia do Acre e Purus foi escolhida a cidade de Sena Madureira, a cidade designada pela Santa Sé.
A Ordem para coordenar e regular com mais eficácia sua atividade missionária na nova Prelazia, por decreto do Remo. Pe. Geral Lepicier, de 21 de janeiro de 1920, entregava a nova missão aos cuidados da Província Picena, de Bolonha, à qual pertenciam o Bispo e os primeiros missionários enviados à região. Com decreto de 17 de março, o Pe. Geral da Ordem nomeava como patrono da missão São Peregrino Laziosi, apóstolo da Emília e santo da Ordem dos Servos de Maria.
D. Próspero Bernardi acompanhado dos PP. Frei Tiago Mattioli e Frei Miguel Lorenzini e do Irmão Leigo Domingos Baggio, deixaram Itália rumo ao Acre, no dia 19 de Março de 1920.
E no dia 15 de agosto de 1920, na Igreja Matriz de Sena Madureira, pelas 8,30h. da manhã, presentes as autoridades administrativas e judiciais e muitos fiéis, foi instalada a Prelazia do Acre e Purus. 
A dom Próspero M. Bernardi, na frente da Prelazia, sucederam-lhe dom Júlio M. Mattioli, dom Giocondo M. Grotti e dom Moacyr Grechi.

1.2.- CONSTRUÇÃO DA CATEDRAL NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
A história começou no dia 25 de julho de 1948, quando aconteceu a sagração de Dom Júlio Mattioli, como Bispo-Prelado da Prelazia Nullius de São Peregrino Laziosi do Alto Acre e Purus.
Pela tarde desse mesmo dia, dia 25 de julho de 1948, o Sr. Bispo Prelado, assistido por três Bispos, dez sacerdotes, muitas autoridades e gente do povo e representantes de todas as associações religiosas, lançava a primeira pedra da nova Catedral de Rio Branco.
Para realizar a obra, ideou-se aproveitar o mesmo material que iria ser tirado do lugar da construção, o barro para fabricar os tijolos, base fundamental de toda a construção.
Todo o povo colaborava na construção. A população, muito generosa, colaborou ativamente com festas e quermesses para os custos da construção. Os arraiais eram freqüentes; todas as doações de qualquer classe eram bem recebidas. Todos ajudavam para ver subir as paredes da nova Catedral, que muitos achavam um exagero, dado seu tamanho, pois nunca iria encher de gente.
Depois de oito anos começaram a verem-se alguns resultados, bem manifestos para todos, até para os incrédulos que não tinham fé de ver a obra terminada. No dia 10 de outubro de 1956 terminava o serviço de alvenaria da nova Igreja com a inauguração do cruzeiro, iluminado à noite. E no dia 8 de abril de 1957 a nova Catedral de Rio Branco era coberta completamente.
Assim, depois de vários anos, de muitos sacrifícios e de inúmeros trabalhos, em 1958, viu-se ultimada e inaugurada a Catedral Nossa Senhora de Nazaré, cognominada o “Milagre da Floresta”.


1.3.- MUDANÇA DE SEDE: DE SENA MADUREIRA A RIO BRANCO
Até o ano 1958 a sede da Prelazia era Sena Madureira com sua Catedral Prelatízia de São Peregrino Laziosi.
Em virtude do decreto papal “Ad Extantia”, de 26 de abril de 1958, da Sagrada Congregação Consistorial, a Prelazia que antes se chamava “Prelazia Nullius de São Peregrino Laziosi do Alto Acre e Purus” passava a se chamar com o simples nome de “Prelazia do Acre e Purus”.
Além disso, decretava que o templo paroquial de Rio Branco, dedicado a Nossa Senhora de Nazaré, fosse elevado ao grau de Catedral Prelatícia.
Desta maneira, a sede da Prelazia foi transferida de Sena Madureira para Rio Branco.



1.4.- PASSAGEM DE PRELAZIA A DIOCESE
No final da década de 1970 a Sagrada Congregação para os Bispos, da qual dependiam as “Prelazias-Nullius” do Brasil, iniciou o processo de transformação das Prelazias, que preenchiam algumas exigências, em Dioceses, através da Nunciatura Apostólica do Brasil.
O Bispo Prelado, Dom Moacyr Grechi, após consultar o Presbitério da Prelazia e o Conselho de Pastoral, em data de 20 de janeiro de 1980, dirigiu-se ao Santo Padre João Paulo II com uma carta, solicitando em seu nome pessoal, em nome do Presbitério e do povo cristão a elevação da Prelazia do Acre e Purus à categoria de Diocese.
Na carta se afirmava que a Ordem dos Servos de Maria, Província do Brasil, responsável pela Missão estava plenamente de acordo, e que a Prelazia tinha um número suficiente de presbíteros para levar em frente o trabalho pastoral programado com a colaboração de muitos leigos engajados. E, mesmo dependendo de ajuda externa, a Prelazia gozava de uma certa autonomia econômica.
O Núncio Apostólico, em carta datada de 24 de dezembro de 1980, solicitou ao Bispo-Prelado informações mais amplas e completas sobre a situação da Prelazia.
Reiterando o pedido feito anteriormente, o Bispo-Prelado enviou, em 19 de fevereiro de 1981, um relatório de 8 páginas datilografadas, relatando amplamente a situação da Prelazia, a respeito dos seguintes aspectos: clero, organização da Prelazia, setores de atividades pastorais, obras educativas e assistenciais, situação econômica e patrimonial, dados diversos, e uma visão global do trabalho pastoral da Prelazia.
Várias cartas da Sagrada Congregação e do Cardeal Sebastião Baggio, responsável da mesma, foram respondidas pelo Bispo Prelado esclarecendo todos os pedidos e questionamentos apresentados.
A tudo isto se seguiu um longo período de silêncio de 4 anos.
Pela metade do ano de 1985, Dom Moacyr Grechi fez um segundo pedido à Santa Sé. Dirigindo-se diretamente ao Papa João Paulo II, em 8 de abril de 1985, solicitava ao Papa “que a Prelazia fosse elevada à categoria de Diocese”.
O pedido do Bispo foi também apoiado pela presidência da CNBB. Junto com as assinaturas de Dom Ivo Lorscheider, Dom Benedito de Ulhoa Vieria e Dom Luciano Mendes de Almeida, afirmavam que “trata-se de uma Igreja particular viva, bem organizada, considerada modelar em diversos aspectos”. Ao mesmo tempo os bispos manifestavam sua surpresa diante do fato de que, por razões desconhecidas, os órgãos competentes da Santa Sé, não acolheram a solicitação apresentada pela Prelazia do Acre e Purus, através do seu Bispo Prelado, Dom Moacyr Grechi.
Por fim, aos 15 de fevereiro de 1986, o Papa João Paulo II, com a Bula Pontifícia “Cum Praelaturae Acrensis et Puruensis” elevava a Prelazia do Acre e Purus à categoria de Diocese, sob a denominação de “Diocese de Rio Branco”. Como primeiro Bispo diocesano foi nomeado o então Bispo Prelado Dom Moacyr Grechi. Na Bula se estabelecia tudo o que fazia referência à nova Diocese, em particular no que dizia respeito à sede diocesana, à Igreja Catedral, aos direitos e obrigações, assim como a religação com a Igreja metropolitana que continuava sendo a Arquidiocese de Manaus.
Em 26 de junho de 1986, o encarregado “ad ínterim” de negócios da Nunciatura Apostólica do Brasil, com Decreto de nº 8.325 delegou ao Bispo de Roraima, Dom Aldo Mogiano “os poderes para que se possa proceder à ereção canônica da nova Diocese de Rio Branco e dar posse da mesma ao Exmo. Sr. Dom Moacyr Grechi, seu primeiro Bispo, conforme o estabelecido pela Bula Pontifícia”.
A notícia da elevação da Prelazia do Acre e Purus à categoria de Diocese foi recebida com contido entusiasmo pelo clero e pelos fiéis, conscientes que o momento não era propício para expressões triunfalistas, mas um momento de grave responsabilidade, no sentido que a nova Diocese deveria, no futuro próximo, procurar sempre mais sua autonomia pastoral e financeira.
Foi constituída uma equipe especial para organizar as celebrações litúrgicas da instalação da nova Diocese, para formular os convites e dar a maior divulgação ao acontecimento.
Foi fixada a data de 29 de junho de 1986, festa dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, que coincidia com o aniversário de ordenação sacerdotal do Bispo Dom Moacyr (25 anos de sacerdócio).
Esta tríplice celebração foi solenemente realizada no dia da festa dos Apóstolos Pedro e Paulo.
  

2.- A CATEDRAL.

A palavra “Catedral” deriva do latimecclesia cathedralis”, e é utilizada para designar a igreja que contém a cátedra oficial de um bispo.         
O adjetivo latino “cathedra” foi ao longo dos tempos assumindo o caráter de substantivo, e é hoje o termo mais comumente utilizado para designar estas igrejas.
O termo “ecclesia cathedralis” foi aparentemente utilizado pela primeira vez nos atos do Concílio de Tarragona em 516. Outra designação que era utilizada para “ecclesia cathedralis” era “ecclesia mater”, ou Igreja-Mãe, indicando-se assim que esta seria a Igreja "Mãe" de uma diocese.     


2.1- UMA RICA HERANÇA, SINAL DA IGREJA LOCAL.

Nossa Igreja de Rio Branco acabou de celebrar o Jubileu dos 50 anos da construção de sua Catedral, dedicada a Nossa Senhora de Nazaré.
Nesse tempo vimos uma Igreja reunida ao redor de seu bispo e pastor, quando as paróquias da capital e dos municípios mais distantes chegaram com entusiasmo, contando sua história de evangelização desde o início de sua caminhada e, ao mesmo tempo, reconheceram na Catedral a Igreja Mãe, sede do bispo e sinal de unidade e comunhão.
Percebemos então que, na realidade, a Catedral Nossa Senhora de Nazaré, não é só uma grande obra de arte e um patrimônio histórico do Estado do Acre: ela é, sobretudo, a Casa de Deus e de seu Povo, sinal eloqüente da Igreja local de Rio Branco.
Nossa Catedral, conservando os restos mortais dos primeiros três bispos, as recordações de dom Moacyr, as melhorias e as reformas de dom Joaquin, manifesta a comunhão hierárquica, guarda os tesouros da fé e da graça, que esta Igreja transmite ao longo de sua história centenária nesta região amazônica.
Mas da contemplação da Catedral de alvenaria, devemos passar à contemplação da Igreja viva do Deus vivo que somos todos nós. E como os antigos acreanos, nossos pais e irmãos na fé, souberam construir em mutirão este esplêndido monumento, sinal de uma grande comunhão fraterna existente entre eles, assim nós teremos de retomar a permanente missão de construir o Templo santo do Senhor, que tem a Eucaristia como Centro, Fonte e Ápice, sendo nós mesmos as pedras vivas para edificarmos,  dia após dia, o Reino de Deus.
A Catedral pela sua presença central, como sede do Bispo e mãe de todas as paróquias e comunidades, se torna mais uma vez motivo de reflexão espiritual, pois é desta sede que o Bispo convoca a sua Igreja para a Celebração Eucarística em que se possibilita um Encontro pessoal e comunitário com Cristo, para uma autêntica conversão pastoral, um engajamento vivo na comunidade paroquial, e para sermos todos discípulos missionários do Evangelho da Salvação nas nossas ocupações diárias. Esta experiência é sempre levada pelos presbíteros, ministros e ministras a cada paróquia e comunidade desta imensa região acreana.


2.1.- IGREJA PEREGRINA, ALIMENTADA PELA PALAVRA E PELA EUCARISTIA
O anúncio do Evangelho e a celebração dos sacramentos e da Liturgia são momentos fundamentais de vida para a Igreja particular.
Por isso a celebração da Eucaristia é centro, cume e fonte de toda a vida eclesial. Nela, pela pregação do Evangelho de Cristo, reúnem-se os fiéis e é celebrado o Mistério da Ceia do Senhor, a fim de que por meio da carne e do sangue do Senhor, os irmãos da comunidade vivam cada vez mais unidos.
São Cipriano escreveu no segundo século que “A Igreja é o povo unido ao seu sacerdote, é o rebanho que ficou fiel ao seu pastor. Por isso você precisa compreender que o bispo está na Igreja e a Igreja está no bispo; e que se alguém não estiver com o bispo, não estará sequer na Igreja” (Epist. 66,8)
Para toda a comunidade diocesana, isto é para a Igreja particular, o momento central da celebração eucarística adquire plena clareza e maior eficácia comunitária quando é presidida pelo Bispo que, segundo o Concílio Vaticano II, “Deve ser considerado como o sumo sacerdote de seu rebanho, em quem tem origem e de quem depende, de algum modo, a vida dos fiéis em Cristo” E continua o Vaticano II dizendo:  Unida ao seu bispo e ao seu presbitério, a comunidade diocesana cresce e se edifica, se descentralizando em pequenas comunidades, onde apesar de pequenas, pobres  e dispersas, está presente o Cristo”. (LG 26)
E em outro documento do mesmo Concílio fala: “Todos devem dar a maior importância à vida litúrgica da diocese que gravita em torno do bispo, sobretudo, na igreja catedral: convencidos de que a principal manifestação da Igreja se faz numa participação perfeita e ativa de todo o povo santo de Deus na mesma celebração litúrgica, especialmente na mesma eucaristia, numa única oração, num só altar, a que preside o bispo rodeado pelo seu presbitério e pelos seus ministros” (SC,41).
Mas a mesma celebração eucarística presidida pelo bispo não pode ser um momento privilegiado, fora da vida de cada dia da inteira comunidade diocesana; neste caso se tornaria uma mera manifestação numérica ou de maior espetáculo.   Muito pelo contrário: é a celebração que impulsiona toda a comunidade eclesial para a urgência de testemunhar diariamente no mundo o amor de Cristo que torna visível e credível a missão que o mesmo Jesus lhe confiou.
Da celebração eucarística, presidida pelo Bispo, deve nascer aquele ardor missionário que impulsiona toda a diocese a unir responsavelmente todas as iniciativas pastorais para evangelizar, através do Serviço, do Diálogo, do Testemunho e do Anúncio.
Somente assim, a Igreja particular ou diocese, reunida pela Palavra de Deus, reavivada pela Ceia do Senhor, unida dinamicamente ao redor do bispo, se tornará de fato e se manifestará visivelmente como o Povo Novo, chamado por Deus a proclamar e a viver a mensagem salvadora da misericórdia e do amor.

2.2.- A CATEDRAL, SINAL E CENTRO DA VIDA DA DIOCESE
A Catedral Nossa Senhora de Nazaré, desde a sua inauguração considerada pela sua majestade um verdadeiro milagre da floresta, está hoje no meio da agitação da nossa moderna cidade de Rio Branco e está construída no centro simbólico de outros prédios  e repartições do poder público.
Mas, sobretudo, ela é o símbolo e o espelho da comunidade que aí é convocada. É o rosto de pedra da comunidade diocesana: Igreja de Cristo, peregrina no mundo, pronta sempre a acolher como mãe, a numerosa família dos filhos de Deus, espalhada por toda a Diocese de Rio Branco.
Quando a celebração eucarística termina e os fiéis voltam para suas casas, retomando suas mais várias atividades, a Catedral fica sozinha e deserta. Mesmo assim, a Catedral continua sendo o símbolo da Igreja viva que ali se reuniu em nome de Jesus Cristo, monumento de uma singular experiência religiosa e fraterna, para todos os que ali acolheram a Palavra de Deus e participaram do mesmo Pão para formarem um só corpo e um só espírito.
Desde sua majestosa torre, a Catedral faz ecoar seu chamamento para fazer essa especial experiência de vida, chegando aos diferentes ambientes de convivência humana, de família, nos bairros, escolas, hospitais, locais de trabalho...
De nossa Catedral irradia a força transformadora da sociedade acreana.

3.- RIQUEZAS SIMBÓLICAS QUE DEVEMOS REAVIVAR PARA UMA IGREJA DE COMUNHÃO E MISSÃO.
Para nós católicos, a Catedral dedicada a Nossa Senhora de Nazaré, como aparece escrito na sua fachada com letras de ouro, deve ter um grande significado e importância, por tratar-se da nossa Igreja Mãe, a mãe de todas as outras igrejas, espalhadas pela geografia da nossa Diocese de Rio Branco.
Ela é a “Casa de Deus e a porta do céu”, como se pode ler dentro da mesma, no mais alto de sua construção.

3.1.-  A CÁTEDRA
Na Catedral se destaca a “Cátedra”, da qual o único Mestre que é Cristo, falou e continua falando através da voz de seus bispos, que são “Os arautos da fé, que levam a Cristo novos discípulos; e os doutores autênticos, isto é, investidos da autoridade de Cristo, que pregam ao povo a eles confiado a fé que deve crer e aplicar à vida, que a ilustram à luz do Espírito Santo, tirando do tesouro da revelação coisas novas e velhas; fazem-na frutificar, e vigiam para manter afastados os erros que ameaçam as suas greis”. (LG, 25).
A esta Cátedra estão unidas, de certa forma, todas as outras que surgem na inteira Diocese, sejam elas nas igrejas paroquiais ou nas pequenas comunidades, mesmo nas mais humildes e espalhadas nas beiradas dos rios, nas estradas rurais ou nos caminhos da floresta, pois nelas, padres, diáconos ou ministras e ministros leigos anunciam, em comunhão com o bispo diocesano, a mesma Palavra de Deus, confiada à Igreja e interpretada autenticamente pelo seu Magistério.

3.2.-  O ALTAR DA CATEDRAL
O “Altar” da catedral possui também um grande significado para toda a Diocese: lá o Bispo, circundado de seus Presbíteros, Diáconos e Ministros, celebra para todo o Povo e com todo o Povo de Deus, tornando manifesta e operante a unidade da Igreja particular.
A este Altar se unem, de certa forma, todos os Altares espalhados por toda a Diocese, que o Bispo consagrou e neles se celebra e se perpetua o rito da Ceia pascal, o único sacrifício redentor de Cristo.
Do Altar da Catedral partiram e partem os sacerdotes que consagrados pelo Bispo se tornam os missionários para pregar o Evangelho, apascentar o rebanho e celebrar o culto divino aonde forem enviados.
Desde o Altar da Catedral são levados a cada ano para todas as paróquias os Santos Óleos, consagrados pelo Bispo, que pela ação do Espírito Santo se tornam na administração dos Sacramentos, instrumentos de cura e santificação.
Por tudo isso, além de sinal da Igreja particular, a Catedral se torna também centro de irradiação da atividade missionária de toda a Diocese.
O anúncio da Palavra de Deus, a celebração eucarística e os demais sacramentos, o compromisso pastoral comunitário e o impulso missionário estão vinculados à Catedral e ao Altar do Bispo e aí recebem as motivações e o envio.

3.3.-  A CATEDRAL COMO SINAL DE CONTINUIDADE HISTÓRICA
Nossa Catedral de Rio Branco é memorial de uma história, que ultrapassa várias épocas da caminhada do nosso Povo, nesta região amazônica, região missionária antes, Prelazia depois e há 25 anos Diocese.
Nela, ao longo de sua história, se celebraram incontáveis missas, numerosas confissões, batizados, matrimônios, comunhões... Muitas orações, de pessoas simples e necessitadas dos auxílios divinos, subiram desde ali para o mais alto do céu e receberam, com certeza, abundantes bênçãos para suas vidas durante todos esses cinqüenta anos.
A Catedral, também agora, continua nos apontando para o futuro com grande confiança, esperança e coragem, pois toda a Igreja é peregrina, é o Povo de Deus que caminha enfrentando desafios na presença do Deus vivo, com sua dimensão histórica e humana que não é lícito ignorar ou esquecer em todas as suas páginas, mais ou menos gloriosas.
Na casa de Maria, onde se encontra sua pequenina imagem, coberta com seu manto, brota uma vida humana unida à Vida divina. Como tantos outros que ali aprenderam, ela deve ser a escola para aprender e viver como verdadeiros discípulos de Jesus, vivendo segundo os princípios da vida cristã.
Nossa belíssima Catedral, que tantas vezes nos acolhe, toma sentido quando a comunidade reunida tem a consciência de ser a "verdadeira casa espiritual de Deus, feita de pedras vivas", como nos diz São Pedro, que se reúne quais "verdadeiros adoradores que adoram o Pai em espírito e verdade". Uma comunidade de santos, que "não se conforma com os esquemas deste mundo, mas, renovada pelo Espírito, procura fazer a vontade de Deus, boa, agradável e perfeita", tornando-se assim, dentro da liturgia celebrada, "uma hóstia viva, santa e agradável a Deus", sempre com Cristo, por Cristo e em Cristo. Por isso, Deus se dignou fazer de nós sua casa.
A Catedral Nossa Senhora de Nazaré traz esculpidos em si esses sinais de história, pois por aqui passaram bispos, padres, diáconos, ministros e ministras leigos, comemoraram-se acontecimentos de vida e de morte, de alegria, de festa e de luto.
É só contemplar a harmonia de sua estrutura física e a segurança que nos proporciona: acolhedora com seu espaço, encorajadora com suas colunas que nos abraçam, geradora de esperança para o futuro, iluminando com os fachos de luz que entram através das dezenas de seus vitrais, conduzindo-nos até o Cristo que salva com sua cruz o Universo inteiro, simbolizado pela galáxia Andrômeda, a quem nós nos aproximamos com a velocidade de 300 km por segundo.



4.- CONCÍLIO VATICANO II: NOVO AR PARA A VIDA DA IGREJA
O Papa João XXIII revelou que a idéia de convocar um Concílio Ecumênico fora uma “inspiração divina”.
Um Concílio da Igreja, naquele momento, podia parecer um empreendimento tal que, sem a simplicidade evangélica do Papa João, teria levado à desistência.
João XXIII não teve medo de se lançar nesse empreendimento e sem pensar demasiado nele. Hoje se tende a considerar que a iniciativa do Concílio foi uma inspiração do alto e que o Papa Roncalli estava preparado para receber essa intuição devido à sua disponibilidade espiritual para as coisas divinas.
Quando o Papa entrou em São Pedro e viu, nas arquibancadas altíssimas o Parlamento de Deus, ficou, como disse a um amigo, “sem fôlego”. Na cerimônia inaugural o Papa fez um longo discurso. Entre outras coisas ele disse: “A Igreja considera estar indo ao encontro das necessidades de hoje, mostrando a validade de sua doutrina, mais do que renovando suas condenações... Com o Concílio, a Igreja quer se mostrar mãe de todos. Às pessoas de hoje oferece não riquezas antigas, mas partilha com elas os bens da graça divina que favorecem uma vida mais humana. Abre a fonte de sua doutrina, que permite aos seres humanos compreender aquilo que realmente são. Alarga o horizonte da caridade cristã, para favorecer a concórdia, a paz justa, a união fraterna...”
O Papa João só pode terminar a primeira sessão. A morte, no dia 3 de junho de 1963, o surpreendeu nessa imensa tarefa começada meses antes.
Seria o Papa Paulo VI, eleito em 21 de junho de 1963, quem levaria adiante os trabalhos das sessões que ficavam para encerrar o Concílio.
O novo Papa poderia encerrar um Concílio iniciado pelo predecessor e não voltar a reabri-lo. Mas Paulo VI se apressou a assegurar: “O Concílio continua!”.
E após a aprovação progressiva de todos os documentos do Concílio, o mesmo dava-se por encerrado a 8 de dezembro de 1965.
A Igreja entregava-se à sua Mãe, Maria Imaculada. O grande Concílio tinha acabado. As gerações futuras iriam abençoar João XXIII e Paulo VI. Os homens de todos os credos e aqueles que não tem fé os abençoam.
Não se saberia imaginar a Igreja atual sem aquele acontecimento histórico que a fez explodir entre as gentes como um novo Pentecostes.

4.1.-  25 ANOS DE UMA DIOCESE NORTEADA PELO CONCÍLIO
Em junho de 2011, nossa Diocese de Rio Branco comemora seus 25 anos de caminhada, quando a Igreja Católica comemora também os 50 anos do Concílio Vaticano II (1962-1965) que nos presenteou com seus ricos documentos, fonte de renovação e novo impulso pastoral e missionário para todas as dioceses e paróquias do mundo inteiro.                                                         Esse novo tempo de caminhada eclesial foi por causa dos vários Documentos elaborados pelos 2.500 bispos reunidos no Concílio, e pelos quais nossa Igreja começou a trilhar novos caminhos de mais autêntica fidelidade a Jesus e ao seu povo.                                                                                          Seus principais Documentos, norteadores da nova vida da Igreja, foram os seguintes:                                                                                                          - A Constituição sobre a Igreja definiu a Igreja como Povo de Deus, guiada em sua missão pelo Espírito Santificador, anunciando e construindo o Reno de Deus, em comunhão fraterna entre clero e laicato, todos irmanados pelo Sacerdócio Comum.                                                                                      - A Constituição sobre a Sagrada Liturgia transformou a massa dispersa dos católicos em comunidades atentas, vivas e participativas, renovando a liturgia e fazendo-nos a todos voltar às fontes.                             - A Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje abriu as portas e as janelas da Igreja ao mundo moderno, falando da dignidade da pessoa humana, da dignidade do matrimônio e da família, do progresso e da promoção da cultura, da vida econômica e social, da vida da comunidade política, e da promoção da paz internacional.                                                                               - A Constituição sobre a Palavra de Deus falou sobre o delicado e complexo problema da relação entre as Sagradas Escrituras e a Tradição. A Igreja esperava um novo impulso de vida espiritual e um aumento de veneração pela Palavra de Deus que permanece para sempre.                                                        - O Decreto sobre os Meios de Comunicação Social abriu nossa Igreja para a missão de comunicar o Evangelho também através da Rádio, Boletins e sucessivamente através da TV.                                                                                   - O Decreto sobre o Ecumenismo nos incentivou a novas relações entre os irmãos separados, a um conhecimento e a uma cooperação mútua.                      - Os Documentos sobre os Bispos, os Presbíteros, os Religiosos explicaram o carisma e o ministério de cada um para um serviço mais dedicado e consagrado ao Povo de Deus.                                                                             - O Decreto sobre o Apostolado dos Leigos valorizou a presença do laicato, não como simples cliente, mas como co-responsável da vida da Igreja, sobretudo, os jovens, as famílias e as associações apostólicas.

4.2.-  UM CONCÍLIO QUE DESEMBARCOU NA AMÉRICA LATINA
O Concílio Vaticano II foi tão renovador que a Igreja Latino-Americana quis aplicá-lo em sua realidade através de sucessivas Assembléias Gerais do Episcopado Latino-Americano. Essas Assembléias Gerais se realizaram em Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007).

Medellín
A Conferência de Medellín foi convocada pelo Papa Paulo VI, no período de 24 de agosto a 6 de setembro de 1968, para aplicar os ensinamentos do Concílio Vaticano II às necessidades da Igreja presente na América Latina. A temática proposta foi: “A Igreja na presente transformação da América Latina à luz do Concílio Vaticano II”.                                                                                                       A abertura da Conferência foi feita pelo próprio Papa, que marcou a primeira visita de um Papa a América Latina.                                                      A Conferência queria ser uma resposta à necessidade que a Igreja sentia de renovar-se e de assumir seriamente sua missão profética em meio aos povos que se diziam cristãos, mas eram dominados por ditaduras cruéis e por uma extrema pobreza.                                                                                                      Três foram os grandes temas da Conferência de Medellín: Promoção humana; Evangelização e crescimento na fé; Igreja visível e suas estruturas.      “O Episcopado Latino-Americano não pode ficar indiferente ante as tremendas injustiças sociais existentes na América Latina, que mantêm a maioria de nossos povos numa dolorosa pobreza, que em muitos casos chega a ser miséria humana (…) A originalidade da mensagem cristã não consiste tanto na afirmação da necessidade de uma mudança de estruturas, quanto na insistência que devemos pôr na conversão do homem. Não teremos um continente novo sem novas e renovadas estruturas, mas, sobretudo, não haverá continente novo sem homens novos, que à luz do Evangelho saibam ser verdadeiramente livres e responsáveis.                                                                    Diante do quadro de injustiça e pobreza, os bispos afirmaram que a missão pastoral da Igreja “é essencialmente serviço de inspiração e de educação das consciências dos fiéis, para ajudá-los a perceberem as exigências e responsabilidades de sua fé, em sua vida pessoal e social”.

Puebla                                            
Dez anos mais tarde, realizou-se outra Assembléia Geral dos bispos, em Puebla, no México (1979): a Igreja Latino-Americana reviu o caminho percorrido e confirmou a opção feita como válida e evangélica.                                              Paulo VI apontou como documento de referência a Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi”, de 1975, na qual o Pontífice analisava o que é evangelizar, qual é o conteúdo da evangelização, quem são os destinatários da evangelização, quem são seus agentes e que espírito devia presidi-la.             Paulo VI convocou oficialmente a Conferência no 12 de dezembro de 1977, sob o tema: “Evangelização no presente e no futuro da América Latina”. O Pontífice assinalou que ela seria celebrada de 12 a 18 de outubro de 1978, mas o seu falecimento e o breve pontificado do Papa João Paulo I fizeram com que a Conferência fosse adiada, até ter lugar de 28 de janeiro a 13 de fevereiro de 1979.                                                                                                                                              João Paulo II, como novo Papa, participou da abertura da mesma e assinalou em seu discurso inaugural que os bispos deveriam tomar como ponto de partida as conclusões de Medellín, “Com tudo o que têm de positivo, mas sem ignorar as incorretas interpretações por vezes feitas e que exigem sereno discernimento, oportuna crítica e claras tomadas de posição”. Reafirmou a indicação de que os bispos tomassem como pano de fundo a Exortação Apostólica de Paulo VI, “Evangelii Nuntiandi”.                                                                       Em sua Mensagem aos Povos da América Latina, os bispos delegados afirmavam que uma das primeiras perguntas que surgiram na reunião eclesial foi: “Vivemos de fato o Evangelho de Cristo em nosso continente?”. Apesar de reconhecer a existência de “grande heroísmo oculto” e “muita santidade silenciosa”, confessavam que “o cristianismo, que traz consigo a originalidade do amor, nem sempre é praticado em sua integridade nem mesmo por nós cristãos”. Afirmaram também que “os pobres e os jovens constituem a riqueza e a esperança da Igreja na América Latina, e sua evangelização é, por conseguinte, prioritária”.                                                                              A opção preferencial pelos pobres apontada por Puebla, na trilha de Medellín, “exigida pela escandalosa realidade dos desequilíbrios econômicos da América Latina, deve levar a estabelecer uma convivência humana digna e a construir uma sociedade justa e livre”.
Ao mesmo tempo em que clamavam por uma “necessária mudança das estruturas sociais, políticas e econômicas injustas”, os bispos em Puebla reafirmaram que esta “não será verdadeira e plena, se não for acompanhada pela mudança de mentalidade pessoal e coletiva com respeito a um ideal duma vida humana digna e feliz, que por sua vez dispõe à conversão”.

Santo Domingo
A Conferência de Santo Domingo se marcava no contexto da celebração dos 500 anos do início da evangelização no Novo Mundo. Ela teria três objetivos: celebrar Jesus Cristo, ou seja, a fé e a mensagem do Senhor crucificado e ressuscitado; prosseguir e aprofundar as orientações de Medellín e Puebla; definir uma nova estratégia de evangelização para os próximos anos, respondendo aos desafios do tempo.
Celebrou-se no período de 12 de outubro a 28 de outubro de 1992, com o tema: "Nova evangelização, Promoção humana, Cultura cristã", sob o lema: "Jesus Cristo ontem, hoje e sempre".
Em seu discurso inaugural, João Paulo II enfatizava que o chamado à nova evangelização é antes de tudo um chamado à conversão. “De fato, mediante o testemunho de uma Igreja cada vez mais fiel à sua identidade e mais viva em todas as suas manifestações, os homens e os povos poderão continuar a encontrar Jesus Cristo e, n’Ele, a verdade da sua vocação e da sua esperança, o caminho em direção à humanidade melhor”.
Na mensagem que os bispos dirigiram aos povos da América Latina, dizia-se expressamente que “A Nova Evangelização foi a idéia central de todo o trabalho da Conferência. Todos os fiéis, especialmente os leigos e os jovens, são convocados para a Nova Evangelização”.                                                           No desafio de implementar a Nova Evangelização, Santo Domingo enfatizou que a religiosidade popular é expressão privilegiada da inculturação da fé. “Não se trata só de expressões religiosas, mas também de valores, critérios, condutas e atitudes que nascem do dogma católico e constituem a sabedoria de nosso povo, formando-lhe a matriz cultural”.
Os bispos comprometeram-se a lutar por uma promoção integral do povo latino-americano e caribenho a partir de uma evangélica e renovada opção preferencial pelos pobres, a serviço da vida e da família; uma evangelização inculturada que penetre os ambientes marcados pela cultura urbana, que se encarne nas culturas indígenas e afro-americanas, com eficaz ação educativa e moderna comunicação.

Aparecida
E a última Conferência celebrada foi em Aparecida, no ano de 2007. O Episcopado Latino-americano e Caribenho foi convocado pelo Papa Bento XVI para refletir sobre o tema: “Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, para que nossos povos tenham vida n’Ele”.
A Conferência do Episcopado Latino-americano e Caribenho foi um novo passo no caminho da Igreja, especialmente desde o Concílio Ecumênico Vaticano II. Ela deu continuidade e, ao mesmo tempo, recapitulou o caminho de fidelidade, renovação e evangelização da Igreja latino-americana a serviço de seus povos, que se expressou oportunamente nas Conferências Gerais anteriores do Episcopado
Os bispos falaram que a todos nos toca “recomeçar a partir de Cristo”, reconhecendo que “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva”. Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor, ao nos chamar e nos eleger, nos confiou. Com os olhos iluminados pela luz de Jesus Cristo ressuscitado podemos e queremos contemplar o mundo, a história, os nossos povos da América Latina e do Caribe e cada um de seus habitantes.
E como grande gesto missionário os bispos, impulsionados pelo Espírito, convocaram todos os católicos latino-americanos para uma grande “Missão Continental”.
Várias conseqüências se podem tirar desse impulso missionário: aproveitar intensamente esta hora de graça; implorar e viver um novo Pentecostes em todas as comunidades cristãs; despertar a vocação e ação missionária dos batizados e incentivar todas as vocações e ministérios que o Espírito dá aos discípulos de Jesus Cristo na comunhão viva da Igreja; sair ao encontro das pessoas, famílias e comunidades para comunicar-lhes e partilhar o dom do encontro com Cristo, que encheu nossas vidas de “sentido”, de verdade e amor, de alegria e esperança.


4.3.- COMPROMISSO MISSIONÁRIO DO DOCUMENTO DE APARECIDA

A Igreja na América Latina e do Caribe quis colocar-se em “estado permanente de missão”.
Trata-se de fortalecer a dimensão missionária da Igreja no Continente e desde o Continente. Isso leva consigo a decisão de percorrer juntos o itinerário de conversão que nos leve a ser discípulos missionários de Jesus Cristo.
Discipulado e missão são como as duas caras de uma mesma moeda: quando o discípulo está apaixonado por Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só Ele nos salva.
O Documento deixa bastante explícito seu apelo por um “laicato missionário”. Os católicos devem ser formados para fazer frente aos desafios da atual sociedade, entrando no mundo complexo do trabalho, da cultura, das ciências e das artes, da política, dos meios de comunicação e da economia, enfim em contextos nos quais tornar presente a Igreja.
Eles devem participar assim da “ação pastoral da Igreja, primeiramente pelo seu testemunho de vida e, em segundo lugar, com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e em outras formas de apostolado”.
Por isso mesmo devem gozar de maior espaço de participação e serem incumbidos de ministérios e de responsabilidades para que possam viver de modo responsável seu compromisso cristão.


4.4.- SANTARÉM: “CRISTO APONTA PARA A AMAZÔNIA”

De 24 a 30 de maio de 1972, realizou-se em Santarém, o Encontro Inter-Regional dos bispos da Amazônia, que constituiu um marco na caminhada da Pastoral desta imensa região.                                                                                      As palavras do Papa Paulo VI “Cristo aponta para a Amazônia” inspiraram as “Linhas prioritárias da Pastoral da Amazônia”.
A partir do Concílio Vaticano II, da Conferência do Episcopado Latino-Americano em Medellín, e “recolhendo a experiência e os anseios das bases” a Igreja da Amazônica escolheu duas diretrizes básicas: a encarnação na realidade, pelo conhecimento e pela convivência com o povo, na simplicidade, e a Evangelização libertadora, que orienta a definição das quatro prioridades da Pastoral da Amazônia:
1) A formação de agentes de pastoral: “deve considerar, em primeiro plano, os elementos locais, os autóctones. Ninguém melhor do que o homem do próprio meio tem condições para exercer a liderança dentro da comunidade”.
2) As comunidades cristãs de base. O documento cita Medellín: “A Comunidade Cristã de Base é o primeiro e fundamental núcleo Eclesial”, “foco de evangelização”, “fator primordial de formação humana e desenvolvimento”. “A paróquia há de descentralizar sua pastoral”.
3) A pastoral indígena: A Igreja na Amazônia está “cumprindo missão que lhe vem de Cristo e que a impele em busca, preferencialmente, dos agrupamentos mais frágeis, mais reduzidos e mais suscetíveis de esmagamento nos seus valores e no seu destino”. O CIMI, há pouco criado em Brasília, é considerado “órgão providencial a serviço do índio e das missões indígenas”.
4) Estradas e outras frentes pioneiras: “Nesta hora em que a Transamazônica e outras estradas estão empreendendo a integração e o desenvolvimento da vastíssima região em conexão com as hidrovias, novos problemas solicitam nossa atenção e nossas providências”.                              A segunda parte do documento destacava ainda quatro serviços pastorais específicos: (1) organização dos regionais da CNBB Norte I e Norte II; (2) intercâmbio entre os institutos de pastoral CENESC (Manaus) e IPAR (Belém); (3) uma assessoria técnica e jurídica às circunscrições eclesiásticas e (4) a integração dos meios de comunicação social na pastoral orgânica da Amazônia.
A conclusão foi “mariana”. Paulo VI colheu nos lábios de Maria o feliz preceito das bodas de Caná: “Fazei o que ele vos disser”, e perguntou “Que é que Ele nos diz agora? Ele aponta para a Amazônia”.
O Documento de Santarém, enfim, foi um marco histórico na caminhada de toda a Igreja na Região Amazônica, ao definir as “Linhas Prioritárias da Pastoral da Amazônia”.


4.4.- UM CONSELHO DE PASTORAL
QUE NÃO PODE FICAR ESQUECIDO

O Documento de Santarém, marco histórico na caminhada da Igreja na Amazônia, foi a causa motivadora do Plano de Pastoral da nossa então Prelazia do Alto Acre e Purus.
Foi o ano de 1981, ano de muita alegria pelos 10 anos de vida das CEBs do Acre, pela visita do Cardeal Dom Aloisio Lorscheider, Arcebispo de Fortaleza, e pela ordenação do Padre Asfury, considerado o mais belo fruto das Comunidades.                                                                                                  Foi elaborado um novo Plano de Pastoral com os seus famosos 6 itens, ainda hoje de muita atualidade:    
1. Queremos ser um sinal do Reino de Deus. 
2. Queremos viver em Comunidades Eclesiais.   
3. Queremos ser uma Igreja que estuda e reflete. 
4. Queremos ser uma Igreja que luta pela libertação total do homem.   
5. Queremos ser uma Igreja que trabalha em conjunto.    
6. Queremos enfrentar alguns desafios, como Celebração na Comunidade e a Pastoral Urbana.

Dom Aloísio Lorscheider, assessor do Conselho, nos deixou também sua avaliação pessoal sobre a caminhada da nossa Igreja nesses dez anos. Eis aqui as idéias centrais:
- A igreja do Acre e Purus é um novo peregrino construindo a sua historia. A caminhada é sempre difícil e há tropeços.
- Está faltando integrar mais os sacramentos na Pastoral: Eucaristia, Confissão, Unção dos Enfermos. Os sacramentos completam a Palavra.
- A Igreja é um pequeno rebanho, e a quem pede o batismo deve-se exigir muito mais.
- Toda a Igreja é ministerial: leigo não é só para monitor ou catequista: ser leigo é uma vocação e precisa de opção.
- A religiosidade popular tem algo de bom a melhorar. Fazer liturgia popular.
- A opção pelos pobres não é oportunista, mas teológica. É preferencial e solidária. É opção a favor da justiça, contra a opressão, a favor da libertação.
- Pastoral Urbana: exige mais atenção, inclusive dos MCS.

5.  RIQUEZA PASTORAL E MISSIONÁRIA DAS CEBs,
“NOVO JEITO DE SER IGREJA”

As CEBs se inspiraram na experiência das comunidades dos Atos dos Apóstolos (2,42ss. e 4,32ss).
Medellín reconheceu nelas a célula inicial de estruturação eclesial e foco de fé e evangelização: “A comunidade cristã de base é, assim, o primeiro e fundamental núcleo eclesial, que deve, em seu próprio nível, responsabilizar-se pela riqueza e expansão da fé, como também do culto que é sua expressão. Ela é, pois célula inicial da estrutura eclesial e foco de evangelização e, atualmente, fator primordial da promoção humana e do desenvolvimento” (Medellín 15 III.1).
“É de base, por ser constituída de poucos membros, em forma permanente e a guisa de célula da grande comunidade” (Puebla 241; 643 e 648).


5.1.- ASPECTOS ESTRUTURAIS DAS CEBs

FÉ: Valorização da Palavra de Deus e amor apaixonado pelo revelador desta Palavra, Jesus (DA 146). Importância da leitura do Evangelho, da participação na Eucaristia, da oração pessoal, do amor ao pobre, etc. (DA 243-257).
SACRAMENTOS: Além dos sacramentos, a oração litúrgica e não litúrgica, oração familiar, pessoal e silenciosa.
COMUNHÃO: União, partilha, serviço, valorização dos leigos e seus conselhos, abertura e valorização dos pobres, uma busca contínua de trabalho em conjunto.
MISSÃO: Anúncio e abertura para o mundo, como no campo da justiça, da política, da cultura e, especialmente para nós, a ecologia física e ecologia humana.


5.2.- ALGUNS TRAÇOS DESSE “NOVO JEITO DE SER IGREJA”

Os traços marcantes desse novo jeito de ser são os seguintes:
1. Que na Comunidade o pobre se sinta em casa e seja valorizado nos ministérios.
2. Lembrar, como disse Bento XVI, que “a vida cristã não se expressa somente nas virtudes pessoais, mas também nas virtudes sociais e políticas”. (DA: Discurso de abertura)
3. Dar grande importância às Celebrações Dominicais da Palavra (DA 253) .
4. A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica, no Deus conosco que se fez pobre por nós.
5. Promover os pequenos Grupos de reflexão bíblica, (os nossos GAM), com seu método original: “Olho na Palavra, Olho na vida”.
6. Dar valor à piedade popular (DA 258).
7. Lembrar da proposta: “A Paróquia, comunidade de comunidades” (DA 170 a 180).
         8. As CEBs sempre pediram ao Bispo testemunho evangélico pessoal, maior aproximação dos sacerdotes e do povo. Sem nenhuma dúvida, atualmente por causa das CEBs, há mais simplicidade e pobreza na forma de vida dos bispos (Puebla, 116).
Enfim, a frase “Novo modo de ser Igreja”: hoje não deve ser aplicado, só às CEBs, mas é e deve ser patrimônio de todas as expressões autênticas de Igreja.


5.3.-  A PRECIOSA HERANÇA DE UMA IGREJA COM SABOR DE POVO NA PRÁTICA DA COMUNHÃO E PARTICIPAÇÃO.

A partir do Concílio Vaticano II, Santarém, sucessivos documentos, e Diretrizes pastorais da Igreja do Brasil e da nossa Prelazia e Diocese, as pastorais estão a serviço de todas as comunidades sob a coordenação do Pároco e dos Conselhos Pastorais. Tudo sendo caracterizado por uma profunda Comunhão e Participação.
Assim:
- A Paróquia é o conjunto das comunidades, Comunidade de Comunidades e não só a Matriz.
- O Pároco com sua Coordenação e Conselho Paroquial, coordena todas as comunidades e sempre, sob sua orientação, acompanha como pastor juntamente com os principais responsáveis da Paróquia todos os movimentos aprovados e aceitos pela Diocese.
- É urgente conhecer a teologia do Laicato, para que aos leigos e às leigas seja-lhes devolvido seu papel na Igreja com todos os ministérios, nos diferentes campos, seja dentro da Igreja, seja fora, no vasto mundo da política, da realidade social, da cultura, da mídia. (DA)
- As Comunidades Religiosas, além de seu lugar bem definido na Igreja, pelo carisma que deve permanecer bem evidente, têm uma missão fundamental no serviço e testemunho comunitário nas Paróquias, Comunidades, Serviços e Movimentos. 
- Os Movimentos são ou podem ser uma graça especial para a paróquia, como membros vivos, verdadeiro fermento evangélico para a comunidade, porém sem ser substitutos das Comunidades e impedir sua organização.
- O Encontro de Casais com Cristo pode e deve ser um ótimo Serviço às paróquias para suscitar e formar verdadeiros cristãos, quando consegue atuar diretamente nas atividades da paróquia e no vasto mundo da cultura, da política, do trabalho como testemunhas de vida cristã no meio do mundo. Deve ser uma verdadeira mina de lideranças para a Pastoral Urbana.


6. RIQUEZAS DESTE MILÊNIO

6.1 DOCUMENTOS DO MAGISTÉRIO DA IGREJA SOBRE A EUCARISTIA

- Ano de 2003. Carta Encíclica de João Paulo II: “Igreja da Eucaristia”.  (Ecclesia de Eucharistia)
A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja.
É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: “Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo” (Mt 28, 20); mas, na sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par. Desde o Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova aliança, iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, este sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança.
Com efeito, “na santíssima Eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo”. Por isso, o olhar da Igreja volta-se continuamente para o seu Senhor, presente no sacramento do Altar, onde descobre a plena manifestação do seu imenso amor.
Do mistério pascal nasce a Igreja. Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério pascal, está colocada no centro da vida eclesial. Isto é visível desde as primeiras imagens da Igreja que nos dão os Atos dos Apóstolos: “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão, e às orações” (2, 42).
Na “fração do pão”, é evocada a Eucaristia. Dois mil anos depois, continuamos a realizar aquela imagem primordial da Igreja. E, ao fazê-lo na celebração eucarística, os olhos da alma voltam-se para o Tríduo Pascal: para o que se realizou na noite da Quinta-feira Santa, durante a Última Ceia, e nas horas sucessivas. De fato, a instituição da Eucaristia antecipava, sacramentalmente, os acontecimentos que teriam lugar pouco depois, a começar da agonia no Getsémani.           “Eis o Mistério da fé”. Quando o sacerdote pronuncia ou canta estas palavras, os presentes aclamam: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”. Com estas palavras ou outras semelhantes, a Igreja, ao mesmo tempo que apresenta Cristo no mistério da sua Paixão, revela também o seu próprio mistério: “Igreja da Eucaristia.
Se é com o dom do Espírito Santo, no Pentecostes, que a Igreja nasce e se encaminha pelas estradas do mundo, um momento decisivo da sua formação foi certamente a instituição da Eucaristia no Cenáculo. O seu fundamento e a sua fonte é todo o Tríduo Pascal, mas este está de certo modo guardado, antecipado e “concentrado” para sempre no dom eucarístico. Neste, Jesus Cristo entregava à Igreja a atualização perene do mistério pascal. Com ele, instituía uma misteriosa “contemporaneidade” entre aquele Tríduo e o arco inteiro dos séculos.
A Eucaristia, presença salvífica de Jesus na comunidade dos fiéis e seu alimento espiritual, é o que de mais precioso pode ter a Igreja no seu caminho ao longo da história. Assim se explica a cuidadosa atenção que ela sempre reservou ao mistério eucarístico, uma atenção que sobressai com autoridade no magistério dos Concílios e dos Sumos Pontífices.
A este esforço de anúncio por parte do Magistério correspondeu um crescimento interior da comunidade cristã. Não há dúvida que a reforma litúrgica do Concílio trouxe grandes vantagens para uma participação mais consciente, ativa e frutuosa dos fiéis no santo sacrifício do altar.

- Ano de 2004, Carta Apostólica de João Paulo II: “Fica conosco, Senhor”. (Mane nobiscum Domine)
“Fica conosco, Senhor, pois a noite vai caindo” (Lc 24,29).
Foi este o instante convite que os dois discípulos, diretos a Emaús na tarde do próprio dia da ressurreição, dirigiram ao Viajante que se lhes tinha juntado no caminho.
Por entre as sombras do dia que findava e a obscuridade que pairava na alma, aquele Viajante era um raio de luz que fazia despertar a esperança e abria os seus ânimos ao desejo da luz plena. “Fica conosco”, suplicaram. E Ele aceitou. Pouco depois o rosto de Jesus teria desaparecido, mas o Mestre permaneceria sob o véu do “pão partido”, à vista do qual se abriram os olhos deles.          
Ao longo do caminho das nossas dúvidas, inquietações e às vezes amargas desilusões, o divino Viajante continua a fazer-se nosso companheiro para nos introduzir, com a interpretação das Escrituras, na compreensão dos mistérios de Deus.
Quando o encontro se torna pleno, à luz da Palavra segue-se a luz que brota do “Pão da vida”, pelo qual Cristo cumpre de modo supremo a sua promessa de “estar conosco todos os dias até ao fim do mundo”.
A “fração do pão”, tal era ao início a designação da Eucaristia, sempre esteve no centro da vida da Igreja. Por ela Cristo torna presente, no curso do tempo, o seu mistério de morte e ressurreição. Nela, Cristo em pessoa é recebido como “o pão vivo que desceu do céu” e, com ele, é nos dado o penhor da vida eterna, em virtude do qual se saboreia antecipadamente o banquete eterno da Jerusalém celeste.
Todas estas dimensões da Eucaristia se encontram num aspecto que, mais do que qualquer outro, põe à prova a nossa fé: é o mistério da presença “real”.
Com toda a tradição da Igreja, acreditamos que, sob as espécies eucarísticas, está realmente presente Jesus. Uma presença, como eficazmente explicou o Papa Paulo VI, que se diz “real’, não por exclusão como se as outras formas de presença não fossem reais, mas por antonomásia enquanto, por ela, se torna substancialmente presente Cristo completo na realidade do seu corpo e do seu sangue.
Por isso a fé pede-nos para estarmos diante da Eucaristia com a consciência de que estamos na presença do próprio Cristo. É precisamente a sua presença que dá às outras dimensões, de banquete, memorial da Páscoa, antecipação escatológica, um significado que ultrapassa, e muito, o de puro simbolismo. A Eucaristia é mistério de presença, mediante o qual se realiza de modo excelso a promessa que Jesus fez de ficar conosco até ao fim do mundo.


- Ano de 2007, Exortação Apostólica de Bento XVI “A Eucaristia, Fonte e Ápice da Vida e da Missão da Igreja”.  (Sacramentum Caritatis)
Sacramento da Caridade, a santíssima Eucaristia é a doação que Jesus Cristo faz de Si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada homem.
Neste sacramento admirável, manifesta-se o amor “maior”: o amor que leva a “dar a vida pelos amigos” (Jo 15, 13).
De fato, Jesus “amou-os até ao fim” (Jo 13, 1). Com estas palavras, o evangelista introduz o gesto de infinita humildade que Ele realizou: na vigília da sua morte por nós na cruz, pôs uma toalha à cintura e lavou os pés de seus discípulos.  Do mesmo modo, no sacramento eucarístico, Jesus continua a amar-nos “até ao fim”, ao ponto de nos dar seu corpo e do seu sangue.
Que enlevo se deve ter apoderado do coração dos discípulos à vista dos gestos e palavras do Senhor durante aquela Ceia! Que maravilha deve suscitar, também no nosso coração, o mistério eucarístico!
No sacramento do altar, o Senhor vem ao encontro do homem, criado à imagem e semelhança de Deus, fazendo-se seu companheiro de viagem.
Com efeito, neste sacramento, Jesus torna-se alimento para o homem, faminto de verdade e de liberdade. Uma vez que só a verdade nos pode tornar verdadeiramente livres, Cristo faz-se alimento de Verdade para nós.
Com agudo conhecimento da realidade humana, Santo Agostinho pôs em evidência como o homem se move espontaneamente, e não constrangido, quando encontra algo que o atrai e nele suscita desejo. Perguntando-se ele, uma vez, sobre o que poderia em última análise mover o homem no seu íntimo, o santo bispo exclama: “Que pode a alma desejar mais ardentemente do que a verdade?”.
De fato, todo o homem traz dentro de si o desejo insuprimível da verdade última e definitiva. Por isso, o Senhor Jesus, “caminho, verdade e vida”, dirige-Se ao coração anelante do homem que se sente peregrino e sedento, ao coração que suspira pela fonte da vida, ao coração mendigo da Verdade.
Com efeito, Jesus Cristo é a Verdade feita Pessoa, que atrai a si o mundo. Jesus é a estrela polar da liberdade humana: esta, sem Ele, perde a sua orientação, porque, sem o conhecimento da verdade, a liberdade desvirtua-se, isola-se e reduz-se a estéril arbítrio. Com Ele, a liberdade volta a encontrar-se a si mesma.
No sacramento da Eucaristia, Jesus mostra-nos de modo particular a verdade do amor, que é a própria essência de Deus. Esta é a verdade evangélica que interessa a todo o homem e ao homem todo.
Por isso a Igreja, que encontra na Eucaristia o seu centro vital, esforça-se constantemente por anunciar a todos, em tempo propício e fora dele, que Deus é amor. Exatamente porque Cristo Se fez alimento de Verdade para nós, a Igreja dirige-se ao homem convidando-o a acolher livremente o dom de Deus.

6.2 A EXORTAÇÃO PÓS SINODAL SOBRE “A PALAVRA DO SENHOR” É O ÚLTIMO PRESENTE QUE AINDA NÃO ABRIMOS

O Papa Bento XVI apresentou uma estreita ligação entre a Palavra e a Eucaristia quando, no dia 12 de novembro de 2010, mandou publicar a exortação apostólica pós-sinodal  “A Palavra do Senhor” (Verbum Domini), um documento sobre a Palavra de Deus que recolhia as conclusões do Sínodo dos Bispos realizado no Vaticano em outubro de 2008, sobre "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja".
Algumas passagens “em cápsulas”, dessa Exortação sobre a “Palavra do Senhor”, que o Papa nos deu para nossa vida cristã e apostólica, são as seguintes:
Objetivo: "Desejo assim indicar algumas linhas fundamentais para uma redescoberta, na vida da Igreja, da Palavra divina, fonte de constante renovação, com a esperança de que a mesma se torne cada vez mais o coração de toda a atividade eclesial." (n. 1)
Religião da Palavra, não do livro: "A fé cristã não ser uma 'religião do Livro': o cristianismo é a 'religião da Palavra de Deus', não de 'uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo'." (7)
Tradição e Escritura: "É a Tradição viva da Igreja que nos faz compreender adequadamente a Sagrada Escritura como Palavra de Deus." (17)
Deus escuta o homem: "É decisivo, do ponto de vista pastoral, apresentar a Palavra de Deus na sua capacidade de dialogar com os problemas que o homem deve enfrentar na vida diária. (...) A pastoral da Igreja deve ilustrar claramente como Deus ouve a necessidade do homem e o seu apelo." (23)
Bíblia e ecumenismo: "Na certeza de que a Igreja tem o seu fundamento em Cristo, Verbo de Deus feito carne, o Sínodo quis sublinhar a centralidade dos estudos bíblicos no diálogo ecumênico, que visa a plena expressão da unidade de todos os crentes em Cristo." (46)
Escritura e Liturgia: "Exorto os Pastores da Igreja e os agentes pastorais a fazer com que todos os fiéis sejam educados para saborear o sentido profundo da Palavra de Deus que está distribuída ao longo do ano na liturgia, mostrando os mistérios fundamentais da nossa fé." (52)
A homilia: "É preciso que os pregadores tenham familiaridade e contato assíduo com o texto sagrado; preparem-se para a homilia na meditação e na oração, a fim de pregarem com convicção e paixão." (59)
Celebrações da Palavra de Deus: "Os Padres sinodais exortaram todos os Pastores a difundir, nas comunidades a eles confiadas, os momentos de celebração da Palavra. (...) Tal prática não pode deixar de trazer grande proveito aos fiéis, e deve considerar-se um elemento importante da pastoral litúrgica." (65)
Canto litúrgico: "No âmbito da valorização da Palavra de Deus durante a celebração litúrgica, tenha-se presente também o canto nos momentos previstos pelo próprio rito, favorecendo o canto de clara inspiração bíblica capaz de exprimir a beleza da Palavra divina por meio de um harmonioso acordo entre as palavras e a música. Neste sentido, é bom valorizar aqueles cânticos que a tradição da Igreja nos legou e que respeitam este critério.
Atenção aos portadores de deficiência: "O Sínodo recomendou uma atenção particular àqueles que, por causa da própria condição, sentem dificuldade em participar ativamente na liturgia, como por exemplo os cegos e os surdos." (71)
A animação bíblica da pastoral: "O Sínodo convidou a um esforço pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em lugar central na vida da Igreja, recomendando que 'se incremente a pastoral bíblica’, não em justaposição com outras formas da pastoral, mas como animação bíblica da pastoral inteira'." (73)
Dimensão bíblica da catequese: "A atividade catequética implica sempre abeirar-se das Escrituras na fé e na Tradição da Igreja, de modo que aquelas palavras sejam sentidas vivas, como Cristo está vivo hoje onde duas ou três pessoas se reúnem em seu nome." (74).
Lectio Divina: "Nos documentos que prepararam e acompanharam o Sínodo, falou-se dos vários métodos para se abeirar, com fruto e na fé, das Sagradas Escrituras. Todavia prestou-se maior atenção à ‘Lectio divina’, que 'é verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra divina viva'." (87)
Anúncio e nova evangelização: "Há muitos irmãos que são 'batizados, mas não suficientemente evangelizados'. É freqüente ver nações, outrora ricas de fé e de vocações, que vão perdendo a própria identidade, sob a influência de uma cultura secularizada. A exigência de uma nova evangelização, tão sentida pelo meu venerado Predecessor, deve-se reafirmar sem medo, na certeza da eficácia da Palavra divina." (96)
Testemunho: "A Palavra de Deus alcança os homens através do encontro com testemunhas que a tornam presente e viva." (97)
Compromisso pela justiça: "A Palavra de Deus impele o homem para relações animadas pela retidão e pela justiça, confirma o valor precioso aos olhos de Deus de todas as fadigas do homem para tornar o mundo mais justo e mais habitável." (100)
Direitos humanos: "Quero chamar a atenção geral para a importância de defender e promover os direitos humanos de toda a pessoa (...). A difusão da Palavra de Deus não pode deixar de reforçar a consolidação e o respeito dos direitos humanos de cada pessoa." (101)
Palavra de Deus e paz: "No contexto atual, é grande a necessidade de descobrir a Palavra de Deus como fonte de reconciliação e de paz, porque nela Deus reconcilia em Si todas as coisas (cf. 2 Cor 5, 18-20; Ef 1, 10): Cristo 'é a nossa paz' (Ef 2, 14), Aquele que derruba os muros de divisão." (102)
Palavra de Deus e proteção da criação: "O compromisso no mundo requerido pela Palavra divina impele-nos a ver com olhos novos todo o universo criado por Deus e que traz já em si os vestígios do Verbo, por Quem tudo foi feito (...). A arrogância do homem que vive como se Deus não existisse, leva a explorar e deturpar a natureza, não a reconhecendo como uma obra da Palavra criadora." (108)
Internet: "No mundo da internet, que permite que bilhões de imagens apareçam sobre milhões de monitores em todo o mundo, deverá sobressair o rosto de Cristo’ e ouvir-se a sua voz, porque, 'se não há espaço para Cristo, não há espaço para o homem'." (113)
Diálogo inter-religioso: "A Igreja reconhece como parte essencial do anúncio da Palavra o encontro, o diálogo e a colaboração com todos os homens de boa vontade, particularmente com as pessoas pertencentes às diversas tradições religiosas da humanidade, evitando formas de sincretismo e de relativismo." (117)
Diálogo e liberdade religiosa: "O respeito e o diálogo exigem a reciprocidade em todos os campos, sobretudo no que diz respeito às liberdades fundamentais e, de modo muito particular, à liberdade religiosa. Tal respeito e diálogo favorecem a paz e a harmonia entre os povos." (120)


7. UM RICO PRESENTE QUE A NOSSA DIOCESE RECEBEU: AS SANTAS MISSÕES POPULARES COM SUA VIVÊNCIA EUCARÍSTICA

Ao longo dos três anos em que vivenciamos o tempo forte das Santas Missões Populares ganhamos uma nova mística e uma nova espiritualidade, com visão missionária, e ganhamos um estilo novo de vida apostólica que alterna oração com ação, Palavra e Vida, Celebração e Visitas, grandes Eventos e pequenos grupos.     Mas, sobretudo, descobrimos o valor de celebrações vivas e animadas, livres do ritualismo vazio e da superficialidade: “É festa de Deus, é festa do Povo, é festa da Paz..., Santa Missão Popular.”
Algumas descobertas que as nossas Comunidades fizeram, ficaram guardadas na nossa memória:
- A Comunidade viva está em constante estado de Missão, valorizando como uma das grandes prioridades a Formação de suas lideranças e de seus participantes, a Liturgia bem animada e acolhedora, a Caridade com a opção preferencial pelos pobres e a Missão, com visitas constantes às famílias, aos doentes nas casas e nos hospitais, ao Presídio e nos Ambientes onde o povo passa a maior parte de seu tempo.
- A Celebração é importante na vida da Comunidade, aliás, é o centro onde todas as atividades iniciam e são concluídas.
- Todas as capelas da paróquia devem estar limpas zeladas e abertas e com indicação dos horários bem em vista, para as pessoas ter facilidade de encontrá-las e ali cultivarem a adoração eucarística pessoal.
- Quando na Comunidade houver a celebração da Missa, o padre que não é o “dono da Missa” preparará a celebração com a equipe encarregada da Liturgia.
- Missa é a Ceia do Senhor, é a celebração do mistério de Jesus Cristo, dom da Santíssima Trindade, salvação da humanidade.
- Divulgar o lugar e o horário das celebrações e cuidar da limpeza, da ornamentação e da acolhida.
- Saber convidar as pessoas através de visitas. Saber mostrar a beleza e motivar sua importância em nossa vida.
- Antes da celebração, uma equipe estará recebendo as pessoas que chegam, criando logo um clima comunitário e solidário.
- Que as celebrações favoreçam o encontro com Jesus Cristo, criando um clima de fé e de experiência profunda de Deus.
- Valorizar os vários momentos: silêncio, canto, meditação, perdão, louvor, súplica: tudo com solenidade vivida e interiorizada.
- Escolher cantos apropriados ao momento litúrgico e a equipe de cantos favoreça e sustente o canto de toda a assembléia.
- A Celebração sempre leva para a Missão, seja na Comunidade, na Paróquia, numa Pastoral e também leva a um maior engajamento nas lutas em defesa da vida, da natureza, da ética. Cristão é aquele que participa dessas lutas, sente nelas a presença libertadora de Deus e vai à celebração para festejar essa presença divina.    

8. PARA VALORIZAR E APROVEITAR TANTAS RIQUEZAS RECEBIDAS EM HERANÇA, VEM A GRANDE CHANCE DO ANO JUBILAR EUCARÍSTICO.

Todos estes documentos da nossa Igreja favorecem uma bela avaliação da nossa caminhada e nos abrem perspectivas novas para o futuro da nossa Evangelização.                                                                                                          Às vezes, as paróquias andam um pouco cansadas, as pastorais meio desarticuladas, a pastoral de conjunto está se enfraquecendo, as lideranças andam sobrecarregadas, as Santas Missões Populares podem correr o risco de se perderem no espaço, a espiritualidade e a mística não sustentam os discípulos no desafio da Missão.
Há também quem não valoriza devidamente os sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia, força viva de Jesus na Caminhada.
Nossa Igreja talvez se pareça a um grande gigante adormecido que não valorize tanta fartura que lhe foi oferecida.
Será que um Ano da Eucaristia, mistério acreditado, celebrado e vivido não poderia ser uma Escola de vida cristã para reavivar a fé na caminhada deste Povo de discípulos missionários que caminha no deserto dos Vales do Acre e do Purus?
A caminhada é longa, os desafios cada vez maiores e a Missão é urgentíssima.          Precisamos, certamente, da experiência viva do DEUS CONOSCO que caminha no meio da gente, que nos alimenta, nos fortalece, faz comunhão e nos impulsiona para a Missão de anunciar e proclamar a Palavra, nesta região tão difícil do Brasil, onde a pobreza material e espiritual cobra da Igreja uma ação determinada, firme e persistente, que plante a esperança no coração deste povo.
No Documento de Aparecida, nas suas riquíssimas páginas, se destaca a Eucaristia como sinal da unidade com todos e nos propõe a exigência de uma evangelização integral que se aproxime cada vez mais da imensa maioria dos católicos do nosso Continente que vive sob o flagelo da pobreza.
Os bispos do nosso continente nos dizem que a Eucaristia é o Sacrifício de Jesus ao qual se une toda a humanidade sofrida que tem fome e sede de paz e de justiça, é o banquete ao redor do qual toda a família humana é convidada a se reunir sem discriminação nenhuma.
É um Documento que sonha para todo católico ser um discípulo missionário, após ter encontrado Jesus na Comunidade e ter se convertido.
Assim nos diz: “Se a paróquia ou as Comunidades querem se espelhar na primeira Comunidade dos Atos (At 2,46-47), então no centro deve continuar a escuta da Palavra e a Eucaristia para perseverar na catequese, na vida sacramental e na prática da caridade. Na celebração eucarística ela renova sua vida em Cristo. A Eucaristia, na qual se fortalece a comunidade dos discípulos, é para a paróquia uma escola de vida cristã. Nela, juntamente com a adoração eucarística e com a prática do sacramento da reconciliação, seus membros são preparados para dar frutos permanentes de caridade, reconciliação e justiça para a vida do mundo”.

9. UM APELO DO PAPA BENTO QUE CHEGA EM BOA HORA.

Nos últimos dias do ano 2010 recebemos mais um apelo do Papa Bento XVI que incentiva a realizar Congressos eucarísticos, como contribuição para uma nova evangelização.
De fato, no dia 12 de novembro de 2010, o Papa sugeriu que os Congressos eucarísticos tenham como objetivo oferecer uma contribuição essencial à nova evangelização, mostrando a Eucaristia como “centro difusor do fermento do Evangelho” e “força propulsora para a construção da sociedade humana”.
O Pontífice explicou que “pela comunhão com o Corpo de Cristo, a Igreja se converte cada vez mais em si mesma: mistério de unidade ‘vertical’ e ‘horizontal’ para todo o gênero humano”.
Continuava dizendo: “Aos sinais de desagregação, que a experiência cotidiana mostra tão arraigados na humanidade por causa do pecado, contrapõe-se a força geradora de unidade do Corpo de Cristo. A Eucaristia, formando continuamente a Igreja, cria também comunhão entre os homens”.
Por isso, explicou, “É tarefa dos Congressos eucarísticos, sobretudo no contexto atual, também dar uma peculiar contribuição à nova evangelização, promovendo a evangelização mistagógica (cf. Exortação apostólica pós sinodal Sacramentum Caritatis, 64), que se realiza na escola da Igreja em oração, a partir da liturgia e através da liturgia”.
Acrescentou ainda: “Mas cada Congresso leva em si também um sopro evangelizador no sentido mais missionário, até o ponto em que o binômio Eucaristia-Missão passou a fazer parte das diretrizes propostas pela Santa Sé”.
É importante, entretanto, continuou o Papa, “que cada Congresso eucarístico saiba implicar e integrar, segundo o espírito da reforma conciliar, todas as expressões do culto eucarístico ‘extra missam’ que estão enraizadas na devoção popular, assim como as associações dos fiéis que se inspiram na Eucaristia de distintas maneiras”.


ANO DE GRAÇA DO SENHOR: ANO JUBILAR EUCARÍSTICO

Por estes motivos, o Conselho Pastoral Diocesano do mês de novembro de 2010, deu uma resposta aos apelos do nosso Bispo Dom Joaquín para que, com renovado ardor missionário, se possa celebrar um ano Jubilar Eucarístico, tornando este evento uma etapa restauradora da nossa caminhada de Igreja.

Que desde a Catedral, sinal de comunhão desta Igreja Local, nossa Igreja se torne cada vez mais peregrina e missionária nas paróquias e comunidades, nos ambientes de trabalho, nas periferias, nos becos, nos barrancos, nos ramais, nos varadouros e nas beiras dos nossos rios, levando a Palavra e a vivência Eucarística através de seus ministros missionários.

Um ANO JUBILAR EUCARÍSTICO que deverá reavivar e atualizar nossa MISSÃO, segundo os EIXOS FUNDAMENTAIS da fé cristã:

- PALAVRA, com estudo e formação bíblica, para um anúncio querigmático, catequese e ação pastoral autêntica. 
- LITURGIA, para favorecer o encontro íntimo com o Senhor, que motiva e dá força para a Missão, fazendo acontecer o Reino de Deus, pelo compromisso de transformar a realidade.
 - CARIDADE, levando toda a Igreja a abraçar o rosto dos excluídos e a reavivar a opção irrenunciável pelos pobres.

Talvez estejamos precisando mesmo de um ANO EUCARÍSTICO para nossa Igreja se acordar e caminhar com mais alento, firmeza e entusiasmo. E assim renovar nossa fé através da Eucaristia como:

- EUCARISTIA, MISTÉRIO ACREDITADO
- EUCARISTIA, MISTÉRIO CELEBRADO
- EUCARISTIA, MISTÉRIO VIVIDO

Tudo isso procurando:
- Resgatar nossa RICA HERANÇA,
- Redescobrindo na EUCARISTIA as razões da nossa fidelidade e de nosso entusiasmo.

E assim preparar-nos para enfrentar uma próxima grande etapa, marcada pela Assembléia Diocesana de 2012.